Rio -  Assim que soube da morte de Hebe Camargo, o funcionário público Jaime Dias Sabino, o Jaiminho, de 83 anos, correu para o aeroporto Santos Dumont, e embarcou em direção a São Paulo. Com isso, o mais antigo papagaio de pirata da televisão brasileira diz ter batido a marca de 1150 sepultamentos, e agora pretende entrar para o Guinness World Records, como recordista mundial de enterros e velórios de personalidades.

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Funcionário público Jaiminho diz ter batido a marca de 1150 sepultamentos | Foto: Divulgação
Em 2013, o ator e jornalista Alex Teixeira vai lançar o documentário "Aqui jaz Jaiminho", que vem sendo produzido desde 2007, e que conta a saga desse baiano de Feira de Santana, que veio para o Rio sozinho, aos 10 anos, fugido dos castigos que eram aplicados na escola. O filme também mostra a sua faceta como ator, onde ele interpretou o irmão do Cauby Peixoto em fotonovelas, passando pelos mais de 40 filmes estrelados na Atlântida, a candidatura a deputado estadual em 2010 - que tinha como principal plataforma a regulamentação da profissão de papagaio de pirata -, e a saga dos velórios, iniciada em 1954, com a morte de Getúlio Vargas. De lá pra cá, não parou mais. Como não pode comparecer ao sepultamento dos pais que moravam na Bahia, Jaime resolveu então prestar a solidariedade a todos os mortos ilustres.

A tática de aproximação com os familiares do morto é quase sempre a mesma. "Eu chego e digo que estou representando o prefeito de Nilópolis, já que sou assessor de assuntos externos da prefeitura. Falo que a pessoa era muito querida na cidade. Aí eles dizem: Tudo bem doutor! Eu Gosto de enterros de pessoas famosas para conhecer pessoas mais famosas ainda", explica ele, afirmando que ainda falta um enterro para sua coleção: O de Ulisses Guimarães. Só não fui porque não acharam o corpo. Mas quando acharem, em vou.

Enterros emocionantes

O papagaio de pirata, que diariamente pode ser visto nas reportagens na TV, conta que o enterro mais curioso foi do da atriz Dina Sfat, morta em 1989. "Chovia muito, e eu e o então prefeito do Rio Marcello Alencar carregávamos o caixão, quando uma pessoa nos empurrou, e fomos os dois parar dentro da cova", relata.

O baixinho ainda esteve nos sepultamentos de Oscarito, Bezerra da Silva, Tancredo Neves, Jorge Lafond - onde novamente foi empurrado em um túmulo, Ernesto Geisel, Irmã Dulce - este foi na Bahia, Lauro Corona, Cazuza, Nelson Gonçalves, Roberto Marinho, General Médici, Daniela Perez - que segundo ele foi o mais emocionante, João Saldanha, Chacrinha, Costinha, Tim Maia e Reynaldo de Carvalho, o Rei Momo "Bola". "O caixão dele era cheio de alças e o túmulo dele era pra três caixões, eu fiquei com medo daquilo. Foi preciso a ajuda de vários homens do Corpo de Bombeiros, para carregar o morto", diz.

Desde os cinco anos de idade, Sabino usa terno e gravata, e não sai nas ruas sem o figurino completo. Atualmente, ele possui mais de 200 ternos e 300 gravatas, todas compradas nos camelôs da Uruguaiana. "Muitas vezes eu durmo de terno e gravata, porque se eu morrer, não quero dar trabalho a ninguém. Eu sempre me penteio, me barbeio, e vou dormir. No dia seguinte acordo muito mais revigorado", finaliza.

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